Pensamentos aleatórios que se transformam.

30 de mai. de 2011

SÍNDROME DE DORIAN


Ostentação flutuante.
Sorrisos brancos.
Artificiais.
Quanto mais magra melhor.
Bulimia.
Quanto mais forte melhor.
Anabolizante.
Pele bronzeada.
Câncer.
Bundas, braços, seios, pernas, músculos.
Cultura da imagem.
Vaidade. Vai a idade.
Perfeição.
Doença.
A fábrica da beleza não pondera, impõe.
Espelho, espelho meu, há alguém mais boçal do que eu?
Como diria Oscar Wilde: “Com a sua beleza, não há nada a que você não possa aspirar”.
Beleza é sedentária.
O feio conquista suas vitórias, para o belo ela bate a porta.
Viver em função de uma obrigação, alimentada pela mídia, mantida pela hipocrisia das novelas, da falsa moda.
Quem vê cara não vê coração. Os vermes te devoram por dentro.
O espelho não mente, somente as pessoas que te rodeiam.
Ausência de transparência.
Elogios te alimentam. Te consomem.
“Decadence Avec Elegance”.
Cuide de seu cadáver, exercite o pensamento.
“Mens sana in corpore sano”.
A formosura se vai com o passar dos anos. Os amigos já se foram.
Recordações seguem somente na sua memória.
Sonhos nada concretos viraram cimento.
Reflexo petrificado.
Rugas permeiam a face de alguém que deseja somente recomeçar, senil, porém rejuvenescido por novos conceitos.

22 de mai. de 2011

Vi, ver


Cegos, iludidos, nos tornamos serviçais da monotonia.
Habituados a tarefas medíocres, não fazemos o que nos foi dado:
Viver.
Escravos sem porquês, encarcerados numa prisão invisível, amarrados nas correntes da sociedade, as margens da vida.
Viver é segundo plano, um esboço sem arte final, um livro sem capa, uma rosa sem espinhos.
A mediocridade é a modernidade.
A sapiência é status.
Seguimos um caminhar sem rumo, onde o simples tornou-se complicado.
Vi, ver, verá.
Vento no rosto, ondas nas pernas, cachoeira, por do Sol. O que é isso?
Procure no google.
Um mundo repleto de ninguém.
Um faz de conta que não acontece.
Nada faz sentido. Passagem duvidosa. O dia termina.
Respire, reflita, feche os olhos... pode ser que você enxergue algo novo.

16 de mai. de 2011

DESENCHUFAR


Um botão.
O mundo através de uma tela.
Algumas polegadas.
Muita informação pra nada.
Copiar.
Colo, logo existo.
Contato virtual.
É o que resta.
Abreviaturas.
Acentos onde estão? Agora só no transporte público.
Como se escreve conekssão?
Não importa, estou online, kd vc?
Vou te deletar. Eu deleto, tu deletas. Um novo português.
Não! Eu falo brasileiro.
Desliga, liga, logoff.
Chegou a hora de reiniciar.
Puxei a tomada.

8 de mai. de 2011

08 - 05




Abrigo em seus abraços encontrei
Onde muitas vezes precisei.

A sinceridade em seus olhos vi
E seu carinho recebi.

Em seus ouvidos palavras falei
Nos dias ruins em seu colo que deitei.

Cresci, tropecei e cai
Mas com sua mão me ergui.

Sorri, chorei, foram tantos porquês.
E não há palavras para lhe agradecer.
 
Talvez um simples obrigado.
Obrigado por ser minha, só minha.
Obrigado por me ensinar e também por aprender.
Obrigado pelos pensamentos contrários, pelas discussões, por falar e ouvir, pelo amor, pelo sangue, pelos 9 meses de gestação.
Obrigado MÃE, por existir e fazer parte da minha vida.
Hoje não é um dia especial, porque especial é ter você.

2 de mai. de 2011

A(s) PALAVRA(s)

A pensada foi guardada e nos confins do pensamento perdida, misturada na massa que habita a caixa craniana.
A escrita ficou presa nas linhas de uma simples folha reciclada, dobrada ou amassada, guardada numa gaveta ou jogada fora em um cesto qualquer.
A digitada em itálico, com algumas em negrito e sublinhadas, enfim, destacadas, não foram enviadas, mas seguem arquivadas em um e-mail, sem acesso.
E também não foram ditas, talvez por culpa do tímpano, do receio de ouvir algo desfavorável, não encorajando a manifestação das cordas vocais, e por isso foram engolidas, digeridas, evacuadas, e agora seguem perdidas em algum lugar fétido dos restos silenciosos da humanidade.