Pensamentos aleatórios que se transformam.

21 de mai. de 2012

A estátua



Ela andava apressada, inquieta.
O que faria dessa vez?
A preocupação lhe rodeava a mente.
Suas dúvidas não a deixavam que respirasse corretamente.
Ela tentava em vão.
Sentou-se em uma escadaria do centro. Tantas pessoas e somente uma estátua a observava.
Segurou a cabeça e começou a balançá-la, repetindo inúmeras vezes: “mantenha a sanidade”.
E como mantê-la nesse mundo louco?
Parou, levantou e olhou ao redor. O céu e prédios a rodeavam depressa, mais depressa, mais depressa... caiu.
Vagarosamente levantou a cabeça e, com os cabelos despenteados entre os olhos, encarou o olhar frio da estátua.
“preciso manter minha sanidade”
Como? Há tantas pontes e viadutos.
“preciso manter minha sanidade”.
Como? Há tantas avenidas e linhas de trem.
“preciso manter minha sanidade”.
Como? Há tantos objetos cortantes e pontiagudos.
Aí ela gritou encarando a estátua mórbida.
“Eu tenho um fruto!”
Um fruto só seu, que precisa dela, de seus cuidados.
É por esse fruto que conseguirá vencer.
É por esse fruto que irá lutar e não desistir.
Ela se levantou e correu rumo ao norte.

15 de mai. de 2012

fls


Caíram. Foram tantas.
Suicídio em massa. Kamikazes.
Pelo tempo, por doenças.
Ficaram pelo caminho.
Estão todas mortas.
Cada uma com sonhos, desejos, anseios, fardos.
Acabou, é o fim.




















Ainda não. É apenas o método natural.
Ciclo.
Despertar.
Pensamos no fim como um ponto final.
A renovação permeia.
Novas folhas virão.
Sim, cada uma carrega algo extraordinário que nascerá de novo.
Já nasceu.
Através de uma forma parecida, não igual, que lembrará muito de seu criador.
Ela transportará sua linhagem até o fim dos tempos.
Levará seu sangue, perpetuando a sua estória.


5 de mai. de 2012

SUBTERRÁQUEOS

Vi, ouvi, prestei atenção.
Uma cara feia, um sorriso até a orelha.
Pessoas comuns, situações singulares.
Olhos sensíveis, lágrimas femininas.
Tive vontade de sentar-me ao lado e perguntar: porquê?
Conversa de bêbado, discurso alto, mas sem ousadia, sem começo ou fim.
Palavras ao ar, jogadas, sem pensar, não há mensagem.
Jovens gritando, cantando, uma nova geração de cabelos e rostos pintados.
Três gerações em um mesmo ambiente.
Rap grátis por alguns minutos.
Do outro lado, o rock transbordando por fones de ouvido.
Em cada parada algo novo. Troca de energias.
Um balançar na cabeça, um batuque nas pernas.
Troca de beijos apaixonados em um canto qualquer.
Tribos de um mesmo país.
Flerte. Início de algo novo.
Brincos, piercings, tatuagens.
Muitos personagens.
Cheguei à conclusão de que o metrô é um palco subterrâneo.