Pensamentos aleatórios que se transformam.

14 de jun. de 2011

Colisão


Passos firmes na noite.
Calçadas escuras, luzes artificiais.
Noite fria. Vento cortante.
Caminhar encolhido, diminutivo, acelerado.
Mãos nos bolsos.
Os olhos fitam o chão.
Ela passa ao seu lado. Colisão.
Pernas estáticas. Lentamente as cabeças giram em sentidos opostos.
Segundo, um olhar.
A boca seca pelo vento gelado.
Os olhos dela sorriem.
180 graus e volta a caminhar.
Ele parece ter as pernas enraizadas na calçada.
Observa.
Ela dobra a esquina.
Uma rajada o desperta.
Um rápido pensamento:
“Talvez a mulher da minha vida acabou de passar ao meu lado”.
Ele corre, deixando um rombo no cimento.
Corre, corre... dobra a esquina.
Não sei se a encontrou, mas ao menos tentou.
Uma estória só pode ter um final se existir um começo.



2 comentários:

  1. Que bom que ele tentou. Mesmo sem saber se o buraco adiante trata-se apenas de um barranco ou precipício, vale a pena pular. Sempre vale, embora no momento da queda pareça que não.

    Torci por eles, tô torcendo até agora.
    Belo texto!

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  2. Talvez a queda seja tão rápida que não dê tempo de pensar. Só mesmo com o choque da colisão.

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