“Tá lá o corpo estendido no chão.
Em vez de rosto uma foto”
Em vez de rosto uma foto”
Estático.
Um corpo já sem alma.
“Em vez de reza
Uma praga de alguém
E um silêncio
Servindo de amém...”
Uma praga de alguém
E um silêncio
Servindo de amém...”
Uma Maria, um José, um João Ninguém.
“Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro”
No sol de quase dezembro”
O cadáver frita no chão a espera do rabecão.
Muitos olhares, curiosos, duvidosos... mas quem se importa.
“Ninguém faz nada, nem os governantes nem a massa dominada.
O povo é ignorante e o governo é uma piada”.
É só um homem, uma mulher, quem sabe?
O saco preto, o jornal improvisado, não revela a face
A face da miséria, da hipocrisia, da humilhação; do vagabundo, do cotidiano, da prostituição; da indecência, da covardia, da fome, do indigente que é cidadão.
Um simples fim que “se acabou no chão feito um pacote flácido, agonizou no meio do passeio público, morreu na contramão atrapalhando o tráfego”.
E foi só mais um.